quinta-feira, 21 de março de 2013

40 anos!



Eu tinha 12 anos (ou algo em torno disso, talvez menos) e subia o morro da Barreira, na cidade de Mesquita, Baixada Fluminense, lá em cima. Tinha, na Barreira, alguns dos melhores amigos do meu período “proto-adolescente-querendo-beijar-na-boca”.


Era a época das brigas de baile funk e toda semana alguém morria por isso. A Barreira era inimiga da Chatuba (outra comunidade mesquitense) e a Chatuba era inimiga da Coreia (também em Mesquita) que era aliada à Barreira... Enfim, um poema de Drummond, só que com doses fartas de imbecilidade.


Como eu morava, e ainda moro, perto da Chatuba, era arriscado ir à Barreira, mas tinha muitos conhecidos por lá e valia a pena trocar esse maravilhoso contato com eles. Era uma turma linda e humilde que eu tinha o privilégio de pertencer. Todos ouviam funk, frequentavam os bailes, os “pancadões”, mas sempre davam um jeito de, numa festa qualquer, colocar um vinil de rock para agradar aquele pirralho fã de Legião, R.E.M e The Smiths. A mais velha da turma tinha o disco Vida Bandida, do Lobão, e sempre que eu estava por lá, colocava no toca-discos dela, sob protestos de muitos que diziam ser “música de maluco” ou gritavam “que porra é essa?”.


Foi conversando sobre o meu gosto pelo rock e pelo Chico que, em dado momento, uma amiga colocou nas minhas mãos ele: The Dark Side of the Moon. “Conhece?”, perguntou a linda menina de cabelos longos castanho-claro; “meu irmão comprou, mas nem escuta. Tá lá jogado.”, finalizou, jogando os cabelos para o outro lado a fim de me encarar com aqueles olhos intensos. Pink Floyd, claro, eu conhecia da música Another Brick in the Wall – Part II, mas era só.


Levei para casa e coloquei para rodar com a agulha em cima. Devo dizer que a capa preta com aquele prisma me deixou fascinado. Nunca tinha visto uma capa tão bonita e misteriosa. Que capa! E a parte de dentro! Enfim, não pude esperar para o dia seguinte.


E depois de uma batida de coração e um grito (Speak to Me), adentra o recinto Breathe (Breathe, breathe in the air. Don't be afraid to care. Leave but don't leave me. Look around and choose your own ground). Porra, aquilo foi covardia! Pegou-me pela gola da camisa e não tive outra saída a não ser me apaixonar. Que música era aquela! Depois Time com o seu lindo solo de guitarra, Money com guitarra e saxofone, Us and Them... Mas o melhor ainda estava por vir e eu seria arrebatado de vez! Foram Brain Damage e Eclipse. Não, nunca mais deixei de escutar Pink Floyd. Fora que o outro álbum, Wish You Were Here, é, ainda hoje, o meu preferido.


Conto esta história porque já se vão 40 anos deste disco, lançado em março de 1973. E eu, que, pelos caminhos que a vida oferece, já não tenho nenhum contato com as personagens que por aqui perambularam, gostaria de dizer que ouço Pink Floyd hoje graças a este velho quarentão The Dark Side... E isto eu devo a um bando de generosos funqueiros que entraram, brevemente, na minha história.







Um comentário:

Marcelo F. Carvalho disse...

http://darkside40.pinkfloyd.com/